Criando um evento de conferências dentro do seu escritório de advocacia

William Glasser foi um psiquiatra americano, nascido em Cleveland, em 1925. Faleceu aos 88 anos, em 2013.

Foi um grande colaborador da psquiatria, contribuindo com a terapia da realidade e a teoria da escolha, defendendo que a maioria dos problemas psicológicos estão relacionados muitas vezes à experiência de satisfação das pessoas e não exatamente a um problema mental.

Uma ideia disruptiva para a época, onde a psiquiatria convencional estimulava demasiado o uso de medicamentos.

Glasser também foi responsável por tratar de teorias mais amplas, sobre temas como casamento, gestão e até educação. Fez afirmações contundentes sobre o processo de aprendizado, a favor que de que o aluno aprenda fazendo.

“A boa educação é aquela em que o professor pede para que seus alunos pensem e se dediquem a promover um diálogo para promover a compreensão e o crescimento dos estudantes” (GLASSER, 2010).

Este conceito foi melhor exemplificado numa ilustração conhecida como ‘a Pirâmide de William Glasser’.

Segundo o psiquiatra, aprendemos 95% no momento de ensinar algo a alguém, 65% melhor do que quando ouvimos sobre algo e 85% a mais do que quando lemos.

Isto porque durante uma explicação precisamos ter internalizado o conhecimento repassado, já que é necessário criar linhas de raciocínio coesas.

Também porque no processo de transmissão é preciso pesquisar profundamente sobre o assunto, para sanar eventuais dúvidas do interlocutor e as nossas próprias.

Logo, o contato mais íntimo com um conhecimento é dominá-lo a ponto de ter a capacidade de ensinar sobre ele. Afinal, ensinar é, antes de tudo, aprender.

Nessa perspectiva, como o seu escritório de advocacia aproveita o conhecimento dos colaboradores e a própria experiência prática do escritório?

Nós já escrevemos aqui sobre como reter e organizar este conhecimento nas práticas do dia a dia e até usando ferramentas. Mas vamos além: qual a melhor forma de compartilhá-lo?

Não esqueça que, segundo a pirâmide de William Glasser, é possível aprender 70% quando discutimos com os outros sobre um assunto. 65% a mais do que apenas ler ou ouvir, que é o que acontece quando o documento está armazenado mas não “vivo”.

Por isso, uma boa dica para seu escritório é promover um evento de pequenas conferências entre os colaboradores, que ao mesmo tempo serão o público e os apresentadores.

Separe um dia por mês ou bimestre na agenda de trabalho da empresa, reúna os colaboradores numa sala, prepare um café especial e dê início às apresentações.

Dê a chance de cada colaborador escolher um tema no qual ele(a) seja especialista e que, se possível, impacte no dia a dia de trabalho de todos. Algumas sugestões de tema podem ser:

  • boas práticas do dia a dia: sugestões de língua portuguesa, criação de e-mails mais humanos, economia de luz, economia de papel, exercitar a empatia;
  • questões técnicas: detalhes sobre o Novo CPC, especificidades do estudo do Direito, revisão de leis, opiniões sobre o mercado jurídico e curiosidades sobre alguma área do Direito, discussão sobre softwares e ferramentas;
  • inspiração: novos conceitos criativos e de organização, exercícios de relaxamento e de produtividade, propor assistir alguma outra palestra (como esta da Chimamanda Adichie, sobre o perigo de uma única história);
  • estudo de caso: permitir que um profissional demonstre como ele resolveu o processo X e qual foi lógica aplicada na demanda em questão, para que outros colaboradores possam dar suas opiniões e sugestões para próximos casos.

Tudo isso, claro, estimulando o debate e a troca de opiniões e sugestões. Crie um padrão oxigenado de apresentações: máximo de 5 slides, 15 minutos de apresentação cada, outros 10 minutos para discussão, algo parecido com o TED, maior conferência de eventos do mundo.

Faça isso e veja sua empresa e os colaboradores evoluindo nas suas abordagens, práticas do dia a dia e comunicação, pois este evento irá sobretudo unir a equipe.

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