Direito e Justiça

Parecer Jurídico: como elaborar um modelo e apresentar ao seu cliente

Se você é advogado há muito tempo ou mesmo se é um advogado iniciante já deve estar acostumado a trabalhar com peças processuais. Afinal, este é o produto da produção jurídica. Contudo, a advocacia contenciosa não é a única modalidade da profissão e há mais além dos processos judiciais. Nos últimos anos, a advocacia consultiva tem ganhado cada vez mais espaço no mercado. E com ela, vem, então, a importância do parecer jurídico.

Não é apenas o advogado consultivo, contudo, que pode trabalhar com pareceres jurídicos. Mesmo quem trabalha na advocacia contenciosa – apagando incêndios – pode elaborar um parecer jurídico para seu cliente e até mesmo para outros profissionais. Tudo depende das condições e, claro, da especialidade do profissional.

Por essa razão, apresento dicas infalíveis de como elaborar um parecer jurídico para seu cliente e os benefícios de utilizá-lo na advocacia!

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O que é parecer jurídico

O parecer jurídico é uma peça jurídica com informações técnicas sobre um tema em específico. Advogados e advogadas podem produzir a peça e apresentá-la a clientes em consultorias jurídicas ou em processos em que for chamado para oferecer um parecer como especialista. O parecer jurídico deve conter, assim:

  1. análise do tema demandado;
  2. referências doutrinárias;
  3. referências jurisprudenciais;
  4. indicações das legislações correlatas;
  5. informações técnicas que fundamentem a opinião ou interpretação do tema.

Quem pode fazer um parecer jurídico para cliente

O parecer , entretanto, não é uma responsabilidade exclusiva dos advogados. Ou seja, não apenas quem possui a OAB pode elaborar um parecer. A exigência varia conforme a disciplina do caso em concreto, bastando que o profissional responsável seja especialista no tema. Portanto, é comum que engenheiros, peritos, médicos, entre outros, sejam chamados a oferecer pareceres.

Apesar disso, quando se trata de tema jurídico em questão apenas advogados inscritos nos quadros da OAB podem oferecer consultoria jurídica. Ou seja, apenas quem exerce a profissão pode elaborar um parecer jurídico na modalidade consultiva. Por exemplo:

Uma empresa deseja saber quais os melhores procedimentos a serem tomados na instalação de uma indústria em determinada região. E precisa de um parecer jurídico em Direito Ambiental, além das exigência ambientais e sanitárias. Este documento, desse modo, servirá como base para as suas implementações. Ela não poderá, contudo, solicitar esse serviço para qualquer jurista, pois o Estatuto da OAB prevê, em seu art. 1º, inciso II, que “são atividades privativas de advocacia […] as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas”. Ademais, o Código de Ética da OAB veda, inclusive, a resposta habitual e gratuita de temas jurídicos nas redes sociais.

Por fim, advogados e advogadas podem elaborar pareceres para outros profissionais. A famosa pergunta “o que você faria nesse caso aqui” pode ser vista como coleguismo ou como um serviço também. Afinal, é o seu conhecimento aplicado à análise de um caso em concreto.

O papel dos pareceres na advocacia consultiva

Então, você pode se perguntar: por que um advogado poderia se preocupar com como fazer um parecer jurídico ou quais os benefícios disso na advocacia?

E eu lhe respondo que há muitas vantagens para os advogados e advogadas, como você pode ver a seguir

Em primeiro lugar, é uma opção alternativa aos processos judiciais. Se você conhece sobre um tema, não precisa se restringir a empregá-lo em lides muitas vezes intermináveis. O tempo gasto na aquisição de um conhecimento pode resultar na oferta desse conhecimento também. Muitos processos tratam da complexidade do próprio ordenamento jurídico. E o conhecimento em Direito, seja do direito processual ou do direito material pode ser demandado.

A advocacia consultiva ganha, então, seu espaço. Como observado, apenas advogados podem oferecer consultoria jurídica. E se o parecer é um documento que pode ser elaborado em uma consultoria, nesta modalidade, portanto, apenas advogados poderiam elaborá-lo. Você pode conferir mais sobre o tema no ebook disponibilizado sobre advocacia consultiva.

É preciso ter em mente, contudo, que a especialização do profissional é um diferencial. Caso você se especialize em uma área do Direito específica, a probabilidade receber reconhecimento por isso é maior. Vem, então, a vantagem do reconhecimento quando se é um advogado especialista. A elaboração de pareceres contribui, desse modo, para o fortalecimento de um nome no mercado jurídico.

Como elaborar um parecer jurídico

O parecer jurídico, em primeiro lugar, deve ser compreensível para quem o solicita. É importante não ignorar a linguagem jurídica essencial a evidência e fundamentação do argumento. No entanto, é imprescindível ser claro no ponto central do parecer, inclusive, para que se evitem equívocos. Por exemplo, se o parecer não é em um processo judicial, mas em um acordo entre duas empresas, é necessário que também as partes compreendam o que esse parecer pretende afirmas e que esteja claro a que ele é favorável ou desfavorável.

Também é indispensável, muito embora não haja uma regra, que o parecer jurídico indique os fundamentos legais, que traga doutrina e jurisprudência acerca do tema. Estes elementos são essenciais no Direito e contribuem para que uma tese seja aceita.

Por fim, é importante ir além do Direito, ainda que o tema do parecer jurídico. É claro que não se espera que todo advogado ambiental seja especialista em engenharia, por exemplo. Contudo, é importante que, se possível, consulte pesquisas sobre o tema para reforçar ainda mais o argumento e consolidar a sua interpretação.

Algumas dicas, enfim, são semelhantes às dicas de como montar uma peça processual.

Modelo de parecer jurídico

Não há um padrão estabelecido em lei para um modelo de parecer jurídico, mas há elementos que você pode tomar como exemplo ao elaborar um parecer. É, portanto, a estrutura de um modelo de parecer jurídico:

  1. título: parecer jurídico nº 0000 (o número é opcional, mas contribui para a organização do advogado ou escritório de advocacia, e, em geral, está centralizado);
  2. requerente: é o endereçamento, com nome dos solicitantes;
  3. ementa: assunto abordado, com indicação das principais palavras-chave, tal qual nas jurisprudências;
  4. sumário: indicação dos tópicos abordados no parecer – é optativo e nem sempre indicado como elemento necessário, mas é positivo, sobretudo, em pareceres extensos;
  5. relatório: resumo da consulta demandada, com indicação do fatos que a constituem, como relatório do processo ou informações trazidas pelo cliente;
  6. fundamentação: argumentos jurídicos propriamente ditos, com indicação, assim, da legislação, da jurisprudência, da doutrina e de outras informações técnicas;
  7. conclusão: resposta às informações da fundamentação e às solicitações do cliente – o advogado deve indicar aqui a que é favorável e finalizar com, por exemplo, “diante do exposto, é-se favorável/desfavorável a tais argumento. É o parecer”.
  8. local, data, advogado e OAB: assinatura final.

Com esse formato, você pode construir seu próprio modelo e cadastrá-lo em ferramentas de produção como o propositor de documentos do Projuris ADV.

Ainda não conhece os benefícios dessa ferramenta? Experimente grátis o software jurídico.

Abaixo, veja um exemplo de modelo de parecer jurídico:

Exemplo de modelo de parecer jurídico

Parecer jurídico nº 00001

Requerente: Empresa de materiais de construção XXXXX

Ementa: DIREITO AMBIENTAL. INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL. CONSTRUÇÃO DE INDÚSTRIA. POLUIÇÃO AMBIENTAL.

Sumário:

Relatório: a Empresa XXXX, no dia 27 de setembro de 2019, solicitou parecer jurídico com análise sobre as eventuais infrações à legislação ambiental na implementação de um indústria da construção civil na localidade de XXXX. Trouxe, para a elaboração do parecer, os documentos tais, apresentados em anexo (anexos I e II) e questionou, tendo em vista a legislação sobre o tema, a favorabilidade pelo empreendimento.

Fundamentação:

O art. 225 da Constituição Federal, assim, estabelece:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

O seguinte autor, dessa maneira, escreve que as ações das empresas devem ser responsáveis também pelos danos não previstos, visando a garantia constitucional de um direito transgeracional. De igual modo, a jurisprudência do STF é pacífica ao estabelecer isso, como se observa do acórdão na ação de inconstitucionalidade nº 0000000:

DIREITO AMBIENTAL. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI QUE AUTORIZA A CONSTRUÇÃO DE EMPRESAS EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL.

1. Este tribunal, assim, entende que…

Conclusão

Diante do exposto, entende-se que a construção da empresa violaria tais fundamentos, indo de encontro à doutrina e jurisprudência pacífica, motivo pelo qual este parecer mostra-se desfavorável ao solicitado pela requerente.

É o parecer.

Local e data

Nome do advogado, número da OAB e assinatura

4 dicas para fazer um bom parecer jurídico

Agora que você entende a estrutura básica e conheceu um modelo simples de parecer jurídico, valem algumas dicas de como realiza-lo bem. Afinal, não há melhor cartão de negócios para um advogado do que a qualidade do seu trabalho.

1. Olhar técnico e imparcial

Um parecer é antes de tudo um pedido formal de alguém que quer saber a sua opinião técnica a respeito de uma matéria do direito enquanto profissional especializado na área.

Portanto, um parecer jurídico deve ser completamente técnico e o mais imparcial possível, independente do pedido do cliente.

Deve-se basear a opinião do advogado puramente em sua experiência, na interpretação legislativa, na jurisprudência e em doutrinadores que abordam o tema.

Quanto mais o advogado obedecer a este critério, melhor será a qualidade do seu parecer jurídico e, com isso, mais satisfeito ficará o requerente.

2. Escrita simples e objetiva

Diferente de uma peça processual, que será lida por juízes ou tribunais, um parecer jurídico geralmente será requerido por alguém que não possui conhecimento jurídico, nem entende seus termos técnicos.

Portanto, é fundamental que o advogado desenvolva o documento com uma escrita formal, porém simples e objetiva. Sem termos em latim, sem termos próprios do direito e levando em consideração que a pessoa que pediu o trabalho é provavelmente leiga no assunto.

Assim, é importante que o parecer jurídico seja entendível por qualquer pessoa que o leia. Assim, o advogado estará garantindo que a sua opinião sobre o assunto seja devidamente entendida e acatada.

3. Forte embasamento técnico e teórico

Juntando com a escrita simples e o olhar técnico e objetivo, um parecer jurídico deve apresentar um forte embasamento técnico e teórico, com citações da legislação vigente, jurisprudência, doutrinadores, outros pareceres jurídicos e demais documentos.

Quanto mais completo e embasado estiver o seu parecer jurídico, mais segurança jurídica você estará providenciando para o seu cliente, além de demonstrar que você é de fato perito no assunto, com conhecimento aprofundado.

4. Diagramação clara

A não existência de uma legislação específica que determine como deve ser realizado um parecer jurídico causa mais desconforto e dúvidas do que possibilita que os profissionais sejam criativos a respeito do formato.

Entretanto, é fundamental que todo o parecer jurídico seja devidamente diagramado, utilizando divisões e espaços claros, para evitar uma leitura confusa do documento.

É comum que pessoas formatem os pareceres a partir de regras da ABNT. Embora não seja uma regra, é uma forma de garantir que a diagramação do documento será clara e organizada.

Software jurídico e produtividade na advocacia

Agora, já imaginou ter o próprio modelo de parecer e agilizar a sua produção? Um software jurídico pode ser bastante útil, então, para quem deseja elaborar um parecer jurídico em suas consultorias.

O propositor de documentos do Projuris ADV, por exemplo, é uma funcionalidade que também pode ser utilizada para a construção de pareceres jurídicos, bem como para a produção de peças processuais

Além disso, o software é bastante útil para quem deseja fazer o gerenciamento de atendimentos e consultas.

Com o sistema Projuris ADV, você cadastra modelos de peças e blocos de texto para utilizar quando quiser, e o sistema puxa outras informações para vocês. Dessa forma, após cadastrar o seu cliente, por exemplo, emitir um parecer para ele será mais rápido.

Experimente esta e outras funcionalidades do Projuris ADV gratuitamente sem compromisso!

Perguntas frequentes sobre parecer jurídico

O que é um parecer jurídico?

Um parecer jurídico é um documento, desenvolvido e assinado por uma pessoa com conhecimento jurídico e credenciada profissionalmente para realizar tal atividade, que apresenta uma análise técnica sobre algum assunto em específico.

Quem pode fazer um parecer jurídico?

Um parecer é um laudo técnico com uma opinião de um especialista em um assunto específico sobre um tema que tenha relação com esse assunto. Dessa forma, qualquer especialista em qualquer área pode emitir um parecer sobre aquilo.
Entretanto, um parecer jurídico é um documento que aplica o conhecimento técnico de um advogado (ou um jurista) sobre um tema de cunho jurídico.

Conclusão

O parecer jurídico é mais um tipo de trabalho que pode ser desenvolvido por um advogado. Trata-se de um documento consultivo, que aponta a opinião do profissional especialista no assunto, baseada na legislação, jurisprudência e doutrina.

É um nicho de mercado que já existe há bastante tempo e é bastante consolidado, principalmente na área empresarial, onde fusões, compras e vendas e habilitações de novos empreendimentos fazem parte do cotidiano.

Essa área, portanto, pode ser facilmente explorada tanto por advogados que desejam trabalhar exclusivamente como consultores quanto por advogados processuais que desejam alcançar novos mercados.

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  • Excelente material para cosulta para advogados iniciantes.De grande ajuda e orietacao na cotribuicao da nossa profissao.
    Fico mukto grata. Um forte abraco!

    • Oi, Edneusa, tudo bem?

      Fico bastante contente de ler o seu comentário. O objetivo do SAJ ADV é sempre contribuir para que o trabalho de vocês seja ainda melhor.

      Abraços

  • Muito interessante e de grande ajuda esse artigo.
    No inicio do exercício da Advocacia surgem muitas duvidas, em relação a como elaborar certo documentos, como se posicionar em audiências, enfim. É excelente poder contar com a ajuda de quem já tem mais experiência.

    • Oi, Luísa, tudo bem?

      Fico muito contente que você tenha gostado do artigo. Nossa intenção, aqui no SAJ ADV, é poder contribuir com a advocacia em todos os momentos. Se tiver interesse, também disponibilizamos outros materiais em nossa página de conteúdos gratuitos:

      https://www.sajadv.com.br/conteudos-gratuitos/

      Abraços,

      Athena - SAJ ADV

    • Oi, Julio, tudo bem?

      Seu email já está cadastrado para receber as novidades do SAJ ADV.

      Abraços,

      Athena