Medidas cautelares: tudo o que você precisa saber

Entenda os tipos medidas cautelares, como elas garantem a segurança no processo penal, suas aplicações e a importância para a defesa

user Tiago Fachini calendar--v1 8 de maio de 2025

As medidas cautelares desempenham um papel crucial no sistema jurídico, especialmente no âmbito penal. Elas permitem que o juiz tome providências para garantir a ordem e a segurança do processo, sem necessariamente privar o acusado de sua liberdade. Para escritórios de advocacia e profissionais do Direito, compreender essas medidas é essencial para oferecer a melhor defesa a seus clientes e garantir que seus direitos sejam respeitados.

O que são medidas cautelares?

As medidas cautelares são instrumentos legais que visam assegurar a aplicação da lei penal, proteger a investigação e evitar a prática de novas infrações. Elas são regulamentadas pelo art. 319 do Código de Processo Penal (CPP) e podem ser aplicadas em diversas situações, desde o início da investigação até o trânsito em julgado da sentença.

Tipos de medidas cautelares

O art. 319 do CPP lista as seguintes medidas cautelares:

  • Comparecimento periódico em juízo: O acusado deve se apresentar regularmente ao juiz para justificar suas atividades.
  • Proibição de acesso ou frequência a determinados lugares: Impede o acusado de frequentar locais relacionados ao crime.
  • Proibição de manter contato com pessoa determinada: Comum em casos de violência doméstica.
  • Proibição de ausentar-se da Comarca: Necessária para a investigação ou instrução.
  • Recolhimento domiciliar no período noturno: O acusado deve permanecer em casa durante a noite e em dias de folga.
  • Suspensão do exercício de função pública: Impede o acusado de exercer atividades que possam facilitar a prática de crimes.
  • Internação provisória: Aplicável em casos de inimputabilidade.
  • Fiança: Valor depositado que garante o comparecimento do acusado aos atos do processo.
  • Monitoração eletrônica: Uso de tornozeleira eletrônica para monitorar a localização do acusado.

Essas medidas são especialmente relevantes quando não se justificam os requisitos para a prisão preventiva, conforme estipulado no art. 282 do CPP. Assim, o juiz pode optar por medidas menos gravosas, garantindo a proporcionalidade entre a necessidade de proteção e a liberdade do acusado:

Art. 282.  As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: 

I – necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais;

II – adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado.

§ 1o As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente.

§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público.

§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de perigo deverão ser justificados e fundamentados em decisão que contenha elementos do caso concreto que justifiquem essa medida excepcional.

§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 deste Código.

§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.

§ 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada.

Quando cabem as medidas cautelares?

Elas são cabíveis quando não existem os requisitos que autorizam a prisão preventiva. O juiz deve avaliar a necessidade de garantir a ordem pública, a instrução criminal e a aplicação da lei penal. Em muitos casos, a aplicação de uma medida cautelar diversa da prisão pode ser suficiente para proteger os bens jurídicos envolvidos.

Por exemplo, se um acusado tem um endereço fixo e não apresenta risco de fuga, o juiz pode optar por medidas como o comparecimento periódico em juízo ou a monitoração eletrônica, ao invés de decretar a prisão preventiva.

Liberdade provisória com medidas cautelares

A liberdade provisória com medidas cautelares é uma alternativa à prisão preventiva. O juiz pode conceder a liberdade do acusado, desde que ele cumpra determinadas condições, como o comparecimento regular em juízo ou a proibição de contato com a vítima. Essa abordagem busca equilibrar a proteção da sociedade e os direitos do acusado.

Quebra de medidas cautelares

O descumprimento das medidas cautelares pode levar à revogação da liberdade provisória e à decretação da prisão preventiva. Portanto, é fundamental que o advogado oriente seu cliente sobre a importância de cumprir rigorosamente as condições impostas pelo juiz.

Recurso de medida cautelar

Se uma medida cautelar for considerada excessiva ou inadequada, é possível interpor um recurso. O advogado deve fundamentar o pedido, demonstrando que a medida não atende aos princípios da proporcionalidade e da necessidade. O recurso pode ser uma ferramenta eficaz para garantir os direitos do acusado.

Exemplos práticos de medidas cautelares

Um exemplo prático é o caso de um acusado de violência doméstica que, ao invés de ser preso, recebe a medida cautelar de afastamento da vítima. Nesse caso, o juiz pode determinar que o acusado não se aproxime da vítima e que compareça regularmente em juízo. Essa abordagem permite que o acusado mantenha sua liberdade, enquanto protege a vítima.

Outro exemplo é a aplicação de monitoração eletrônica em casos de crimes financeiros, onde o acusado pode ser liberado, mas deve usar a tornozeleira para garantir que não saia de sua residência durante a noite.

Quais são as principais medidas cautelares?

As principais incluem comparecimento periódico em juízo, proibição de contato com determinadas pessoas e monitoração eletrônica.

Quando as medidas cautelares podem ser aplicadas?

Elas podem ser aplicadas quando não existem os requisitos para a prisão preventiva, visando proteger a ordem pública e a aplicação da lei penal.

O que acontece se uma medida cautelar for descumprida?

O descumprimento pode levar à revogação da liberdade provisória e à decretação da prisão preventiva.

Quanto tempo dura uma medida cautelar?

A duração das medidas cautelares pode variar conforme o caso e a decisão judicial, mas geralmente duram até que a situação seja resolvida ou modificada pelo juiz.

Conclusão

As medidas cautelares são instrumentos essenciais no processo penal, permitindo que o juiz assegure a ordem e a segurança sem recorrer à prisão. Para advogados, conhecer elas, e seus tipos e suas aplicações é fundamental para oferecer uma defesa eficaz e garantir os direitos de seus clientes. A prática e a compreensão dessas medidas podem ser a diferença entre a liberdade e a prisão de um acusado.

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Tiago Fachini - Especialista em marketing jurídico

Mais de 300 mil ouvidas no JurisCast. Mais de 1.200 artigos publicados no blog Jurídico de Resultados. Especialista em Marketing Jurídico. Palestrante, professor e um apaixonado por um mundo jurídico cada vez mais inteligente e eficiente. Siga @tiagofachini no Youtube, Instagram, Linkedin e Twitter.

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