Qual a importância da persuasão no mundo do Direito?

21/06/2021
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29/09/2022
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9 minutos

A persuasão é o ato de aconselhar, sua etimologia vem da palavra em latim persuadere. Já a palavra “convencer” tem sua origem na ideia de vencer algo, ou seja, a pessoa foi vencida por meio de uma argumentação.

Nos primórdios da filosofia, a Retórica estabeleceu-se enquanto meio de discursar e de se colocar diante do mundo.

Na atualidade, existe também a Semiótica, sendo o estudo que se ocupa dos atos da linguagem em situação, ou seja, da construção de significado da comunicação.

Sendo assim, ambos campos de estudo visam ampliar o conhecimento acerca do que é um discurso e quais são os tipos de discurso existentes.

Além disso, ocupa-se também em fazer constatações que permeiam entre modos de ser, de dizer e como comover.

Diversos meios de comunicação utilizam a semiótica com a intenção de convencer o interlocutor acerca determinado assunto.

Nesse sentido, usando de persuasão, somos constantemente convencidos de algo que nos é externo.

No entanto, ainda assim, é nossa escolha acatar ou não quaisquer que sejam as sugestões.

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O que é persuasão no Direito?

Assim, também, ocorre a persuasão no Direito. Isso porque, esta é uma área ampla que determina a realidade de muitos, e é cabível tanto para convencer sobre inocência quanto culpa.

De acordo com Aristóteles, persuasão é “a faculdade de ver teoricamente o que, em cada caso, pode gerar persuasão”.

Entretanto, a definição mais conhecida é a de Quintiliano, que é a “arte de falar bem”, que inclui todas as virtudes de oratória do orador.

Para o campo de Direito, principalmente, para advogados, promotores e defensores públicos, a arte de persuadir demanda além de muito estudo, coragem.

Haja vista ser a partir da maneira que esses profissionais se comunicam que existe o convencimento do juiz, sobretudo no tribunal do júri. 

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Nesse sentido, traremos algumas dicas neste artigo de como utilizar de uma comunicação persuasiva. Assim, ficará claro a importância dessa ferramenta não só para o Direito, mas para qualquer área que exija convencimento.

Como funciona a tática da persuasão?

A persuasão é uma tática que você pode utilizar, enquanto emissor de uma mensagem, para convencer o receptor.

Antigamente, as faculdades de Direito ofereciam, além das aulas convencionais acerca de Leis, também aulas de Teatro. Dessa maneira, a performance e a desinibição frente aos juízes era melhor.

Essas aulas também serviam para que o profissional do Direito pudesse treinar um discurso que fosse pertinente ao contexto, e claro, convincente.

Essas aulas ensinavam sobre expressão corporal e também sobre como convencer o público até por meio de dramatização. 

Atualmente, as faculdades de Direito não trazem esse tipo de aula mais, e o futuro advogado deve aprender por conta própria a usar essas táticas.

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Há diversos registros de advogados que até cambalhota já deram em frente ao juiz, com intuito de convencê-lo acerca de um ponto de vista.

Outro caso famoso e recente, foi sobre um advogado, que numa tentativa infeliz de convencer o júri, simulou uma esganadura em uma colega, o que não foi bem-visto pelo mundo jurídico.

Esses são casos em que a persuasão ultrapassou limites, passando para uma abordagem desesperada, mas seu uso é de suma importância. 

Quais são os principais usos da persuasão no Direito?

Como você pode imaginar, utilizar a persuasão para convencer o júri, convencer o juiz, convencer o cliente e formular petições são alguns dos principais usos da persuasão na advocacia.

Assim como qualquer empreendedor, o advogado precisa conquistar sua clientela, visando cada vez mais clientes.

Para isso, é necessário também convencer o cliente acerca, talvez, de valores a serem pagos pelos honorários.

Isso é um grande desafio também, haja vista que a advocacia é uma área saturada, tendo muitos concorrentes. Por isso, é necessário diferenciar-se.

Usar de uma linguagem acessível, sem rebuscamento é necessário, sobretudo quando o seu cliente é leigo.

Esse é, muitas vezes, o problema encontrado pelos clientes que encontram profissionais do direito que só falam o “juridiquês”, sendo nada ou pouco claros, e confundindo o cliente.

Se emprega essa tática, geralmente, para mostrar ao cliente que o advogado é superior de certa forma, e isso é uma abordagem que pode subestimar muitos, portanto, é importante evitá-la.

Qual a diferença entre persuadir e manipular?

A intenção de uma pessoa que deseja persuadir é de influenciar pessoas, não manipular. Apesar de muitas pessoas utilizarem essas palavras como sinônimos, na realidade elas não o são. Persuasão e manipulação tem sentidos totalmente diferentes.

A seguir, traremos alguns exemplos para refletir acerca do seu poder de persuasão.

1. Documentos do seu cliente foram perdidos em uma entrega com motoboy

Suponhamos que você irá representar uma pessoa que ao pedir uma entrega de documentos com motoboy, teve seus pertences perdidos, fazendo com que fosse prejudicada.

Neste caso, é preciso saber quais são os argumentos que você deverá apresentar ao juiz para convencê-lo que a sua cliente teve um prejuízo e que a indenização de 10 mil reais deve ser paga por conta dos danos psicológicos e materiais.

Existem diversos argumentos, mas o principal a ser usado para exercer a sua persuasão é dizer que os documentos perdidos diziam respeito a um financiamento, e que agora todos eles terão que ser retirados novamente, gerando um custo que não era esperado.

2. Reparo mal feito de celular

Até um reparo de celular mal feito pode ser parte de uma causa, haja vista que o Direito é amplo demais, e pode chegar a diversos tipos de casos.

Neste cenário, a forma de proceder poderia ser utilizando o argumento que a sua cliente ao chegar na loja pediu apenas para que a câmera traseira fosse reparada, e quando foi entregue, o celular estava riscado e sem ligar.

3. Cliente se machucou ao utilizar um produto

Se acaso um cliente chegasse com uma perna quebrada após ter caído de uma escada móvel, era a hora focar em levantar argumentos que foi o produto que causou essa lesão ao seu representado.

Nesse caso, é um pouco mais complexo. Isso porque, existem diversos recursos cabíveis para convencer as partes. 

Sendo necessário a recorrer a algo mais forte que as palavras, as imagens. Portanto, se o cliente tiver uma imagem da câmera de segurança, que registrou o ocorrido, será mais fácil de ganhar o caso. 

4. Seu cliente gravou alguém sem autorização

No entanto, se o seu cliente gravou com um microfone condensador a namorada enquanto estava em casa porque desconfiava de uma traição, pode gerar um pequeno desgaste, pois isso configura invasão de privacidade.

Entretanto, a depender da capacidade de convencimento advogado, o júri e o juiz podem acreditar na alegação de dano moral causado em virtude dos comentários maldosos dos amigos de bar.

Quais são os conflitos éticos dessa tática?

É preciso considerar que além da persuasão, a ética no trabalho do advogado deve ser constante também. Vejamos a seguir algumas aplicações da ética em certas situações.

1. Dois colegas de trabalho não possuem divisória e sentam lado a lado. Um se incomoda com o barulho do outro.

Dois colegas de escritório trabalham juntos, mas não possuem uma divisória acústica, é possível que uma das partes processe o amigo por falar muito alto? Pelas Leis, sim, é possível.

Visto que, além de convencer a parte que não gosta de barulho enquanto trabalha a não processar o amigo, é necessário que, por meio da ética, o advogado administre o conflito para que não saia dali uma briga maior e mais grave.

Até porque a conciliação das partes também é uma forma de persuasão, haja vista que a intenção é não judicializar a demanda.

2. Uma pessoa coloca uma câmera para espiar outra

Entretanto, se dentro de um armário de aço de escritório tem uma câmera espiã que é descoberta pela parte investigada, se não for com intuito de investigação policial, isso pode gerar um grande problema, caso se encontre a pessoa que implantou a câmera ali.

Essa pessoa sofrer um processo e até ter que pagar uma indenização alta sob a alegação de invasão de privacidade.

3. Um vizinho promove festas com som em um volume muito alto

Agora, um crime comum é o de perturbação do sossego alheio, esse que só pode se provar caso as testemunhas vão à delegacia.

Esse crime pode ocorrer caso alguém muito empolgado, tenha comprado um computador com caixas de som amplificadas e logo após, tenha promovido uma festa muito barulhenta até de madrugada, podendo o crime ser agravado caso o local da festança seja perto de hospitais ou asilos.

4. Roubo de mercadorias de exportação

Agora, um caso de crime grave que o advogado também terá que usar seu poder persuasivo para com o juiz, a depender de qual parte ele defende, seria no caso de um roubo de mercadorias de exportação.

São amplas as opções dentro do Direito, o que é bom tanto para nós como cidadãos, quanto para o advogado, pois a nossa amplitude de direitos é grande e pode nos ajudar.

Quais os motivos para usar a persuasão na advocacia?  

O Direito como área social aplicada, deve ser exercida de maneira justa e transparente, visando, sempre, a justiça e o acolhimento dos prejudicados.

Por isso, a persuasão é uma ferramenta imprescindível no trabalho diário do advogado, promotor ou defensor, pois é por meio de seus argumentos que vidas serão mudadas para sempre. 

Portanto, agora está mais clara qual é a importância da persuasão no Direito, assim como em outros setores que dependem da força da argumentação. 

Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.

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