Um software jurídico substitui um estagiário?

13/03/2017
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23/11/2022
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Inteligência artificial é um tema que vem movimentando discussões calorosas em vários campos, do científico ao mercadológico. Dentro do quadro de assuntos, um dos principais é o que se refere aos limites desta “revolução” e às mudanças estruturais que algumas atividades e profissões vão sofrer com a automação emergente.

O debate demorou mas chegou ao universo jurídico, trazendo questões acerca de procedimentos jurídicos realizados via aplicativos até reflexões sobre a própria subsistência da figura do advogado.

Em junho do ano passado, por exemplo, um chatbot criado por um estudante de direito, de apenas 19 anos, conseguiu vencer 160 mil contestações relacionadas a multas de trânsito no período de 21 meses.

A NetLaw Labs, empresa de tecnologia mantida por um escritório de advocacia, também investiu na disrupção da profissão, criando uma startup chamada Ross Intelligence, que usa o Watson da IBM para realizar pesquisas simples feitas geralmente por advogados júnior.

Claro que o mercado de inteligência artificial ainda precisa crescer muito em terras tupiniquins, enquanto lá fora está mais evoluído (principalmente nos Estados Unidos, que são onde os dois exemplos acima – o do chatbot e da startup – aconteceram).

Mesmo assim, estes conflitos já começam a chamar atenção devido aos softwares jurídicos. E se advogados temem perderem espaço para as máquinas, o que pensarão, então, os estagiários, profissionais responsáveis pelas tarefas mais comuns do escritório?

“Estagiário só entrega cafézinho”

Esta ideia – quase um ditado popular – é ultrapassada, mas infelizmente é realidade na maioria dos ambientes de trabalho. Muitos profissionais, inclusive, incorporam a prática no dia a dia, transformando os estagiários, no caso dos escritórios de advocacia, em meros carregadores de papel. Mas sociedades que levam a sério o papel do estagiário saem na vantagem.

Os estagiários regularmente inscritos na OAB e portadores da carteira de Estagiário podem praticar as atividades previstas no artigo 1º do Estatuto da OAB de forma independente: retirar e devolver autos em cartório, assinar petições de juntada de documentos e obter certidões de peças ou autos de processos em curso ou findos.

Ainda vale acrescentar algumas tarefas de advogados correspondentes, como consultas a processos e audiências.

Mas a verdadeira riqueza de um escritório que contrata um estagiário é a possibilidade de desenvolvê-lo profissionalmente. Em meio à rotina, à metodologia padrão do dia a dia, os advogados, por falta de tempo, acabam pensando pouco em coisas que fariam toda a diferença para o escritório.

Estagiários atentos, comprometidos com o escritório, podem ajudar nesse processo, apontando alguma nova oportunidade do escritório ou fazendo análises de indicadores. O espírito de um estagiário motivado pode renovar até mesmo em decisões mais estratégicas do negócio. E isso nos leva à questão chave do texto:

Um estagiário, afinal, pode ser substituído por um software jurídico?

Como exposto na primeira parte do texto, uma tecnologia como um software jurídico traz discussões dentro do mercado jurídico. Afinal, um software para advogados pode consultar processos e seus andamentos, organizar a agenda do escritório e organizar todos os documentos e informações de um processo dentro de pastas.

Sendo assim, ele poderia facilmente conduzir as tarefas que atualmente são voltadas a um estagiário dentro do escritório, certo?

Errado! Independente da automação e velocidade com que os sistemas trabalhem, eles jamais irão substituir o poder criativo e espontâneo de uma pessoa, principalmente porque não podem funcionar fora da linha de código.

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As tecnologias “knowledge workers”, ou seja, as que possuem capacidade de decisão (como o chatbot do começo deste conteúdo) estão longe de serem perfeitas ou de conseguirem lidar com casos complexos, de conseguirem, por exemplo, dar o atendimento que um cliente precisa ou convencer um júri.

É aí que mora uma divisão que, se espera, fique cada vez mais nítida na cabeça dos advogados. O trabalho da tecnologia, neste caso de um software juridico, é poder dar controle e visão holística às questões quantitativas e de volume do escritório, enquanto os profissionais (incluindo o estagiário) possam operar estas ferramentas de forma inteligente e ter mais produtividade, organização e insights estratégicos.

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